O estudo do ECG se inicia entre o segundo e terceiro semestre da faculdade de medicina através do aprendizado dos componentes do ECG: onda P, intervalo PR, QRS, segmento ST, onda T, onda U e intervalo QT. Nesta etapa, a dificuldade mais comum é o cálculo do eixo do QRS.
Mais adiante no curso de medicina, o estudante descobre que esse é o menor dos problemas.
Eu até poderia dizer para vocês que ECG é fácil e que o problema é a forma como o eletro é ensinado na faculdade. Mas não é nisso que eu acredito.
Quando aprendemos ECG, logo nos primeiros semestres, estamos iniciando uma etapa natural de amadurecimento do aprendizado. Afinal, todo conhecimento precisa de uma base forte, então é melhor começar com a parte mais simples para aos poucos avançar.
Considero que seja necessário CONSCIENTIZAR o estudante de que esta etapa é apenas a fundação dos conhecimentos em eletrocardiografia e de que é essencial para a construção de todo o restante do conhecimento e aplicabilidade do ECG.
Este artigo tem por objetivo ensinar o ponto mais essencial de como interpretar o ECG: conscientizar de que é necessário treinamento, dedicação e estudo. Buscar várias fontes de qualidade. Ver e analisar muitos ECG. A seguir explico sobre o sistema de condução e quais os sintomas apresentados pelos pacientes portadores de doenças no sistema de condução cardíaco.
O coração é como se fosse uma casa com 4 cômodos (2 átrios e 2 ventrículos), portas (valvas cardíacas), paredes (músculo ventricular), encanamento (coronárias) e uma rede elétrica com um potente gerador de energia que é o Nó Sinusal.
Quando a parte elétrica apresenta problemas posso ter um “apagão” e o coração parar de bater. Ocorre uma assistolia (ausência de onda P e QRS). E sem energia o coração não contrai e ocorre uma parada cardiorrespiratória (PCR).

Mas o coração é prevenido. Ele tem seguro de vida. Quando o Nó Sinusal falha, outros geradores de energia subsidiários como a junção atrioventricular e o sistema His-Purkinje assumem o comando do coração.
É importante lembrar que o impulso elétrico tem um caminho preferencial para percorrer e os geradores de energia respeitam uma hierarquia.
Qualquer problema nesta rede de transmissão do impulso elétrico pode levar a uma bradicardia ou taquicardia. Vai depender do local do problema, do tipo de problema e do quanto isso repercute no total de batimentos cardíacos.

Quando as bradicardias são sintomáticas e de causas irreversíveis elas são uma indicação de marcapasso artificial.
Então aprender a calcular a frequência cardíaca (FC), identificar bloqueios atrioventriculares e bloqueios intraventriculares é importante nos cenários da prática médica. É quando a complexidade do estudo de ECG começa a exigir uma boa base prévia, maior treinamento e dedicação do estudante.
Se o paciente se queixa de palpitação ou de que o coração fica acelerado, o mais provável é que apresente uma taquicardia. Neste caso, o problema pode ser um automatismo aumentado ou alterações das vias preferencias da condução do impulso elétrico.

A síncope é a perda súbita e transitória da consciência, com recuperação espontânea e sem sequelas. Ela ocorre quando a bradicardia ou taquicardia levam a uma diminuição do fluxo de sangue para o cérebro por uma diminuição do débito cardíaco. E é mais comum quando a bradicardia é súbita ou quando a taquicardia tem uma FC >150 bpm. Ela também pode ocorrer com FC entre 100 e 150 bpm se o paciente já tiver algum comprometimento do músculo cardíaco ou fração de ejeção ventricular diminuída.
As causas das alterações no sistema de condução do coração podem ser: isquemia, inflamação, cicatrizes, alterações nos canais iônicos secundárias a distúrbios eletrolíticos, ácido-base e intoxicações medicamentosas.
Uma das complicações das taquicardias e bradicardias é a Morte Súbita Cardíaca (MSC). O ECG pode ser útil no diagnóstico e na identificação precoce de alterações que tenham maior risco para MSC.
Há várias maneiras para interpretar um ECG. Eu não tenho uma que sirva para todas as situações. O passo a passo da interpretação dependerá da situação em que atendo o paciente: se no consultório, no pronto socorro ou se estou emitindo um laudo de ECG.
Então como interpretar um ECG? Primeiro é preciso saber quais os itens não podem faltar na análise do ECG e saber analisar adequadamente cada um destes itens. Em seguida crie o seu passo a passo.
O melhor passo a passo é aquele em que não esquecemos de nada e conseguimos extrair do ECG tudo o que precisamos para atender adequadamente o nosso paciente.
Os conteúdos do Portal do ECG são elaborados pela Dra. Virginia Braga Cerutti Pinto Cardiologista – RQE: 41.828 / Clínica Médica – RQE: 41.829 / CRM- SP: 117.977
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