A sobrecarga ventricular esquerda (SVE) ocorre devido à dilatação ou hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE) que pode ter várias causas, sendo uma das mais importantes em nosso meio a hipertensão arterial sistêmica (HAS).

É por isso que o ECG é o primeiro exame complementar a ser solicitado para buscar lesão de órgão alvo no indivíduo hipertenso.

Busca ativa de sinais de HVE!

Quando comparado ao ecocardiograma (ECO), o ECG tem baixa sensibilidade para detecção de HVE, em torno de 30%, dependendo do algoritmo utilizado.

Entretanto, a presença de alterações eletrocardiográficas compatíveis com SVE identificam um maior risco cardiovascular do que quando encontradas apenas no ECO ou RX.

ECG apresentando alterações da repolarização ventricular em paciente hipertenso com hipertrofia ventricular esquerda e sem doença aterosclerótica coronariana.

Entre estas alterações, estão as relacionadas à repolarização ventricular, que quando comparadas ao aumento das voltagens do QRS, identificam um pior prognóstico cardiovascular. Isto se justifica porque as alterações na repolarização ventricular estão mais relacionadas com a gravidade e tempo de duração da hipertensão arterial.

Quando um paciente hipertenso atinge as metas adequadas de pressão arterial e as alterações eletrocardiográficas de HVE não desaparecem o prognóstico cardiovascular dele é pior. Mesmo que tenha ocorrido remodelamento ventricular (melhora da hipertrofia ventricular no ECO), o fato de não ocorrer o “remodelamento elétrico” é um sinal de alerta.

É claro que o risco de doença cardiovascular associado à HVE não é uniforme. Ele depende da existência de alterações no ECG, evidências anatômicas concomitantes de HVE no ECO e da presença de outros fatores de risco como a hipertensão arterial sistêmica, a intolerância à glicose, perfil lipídico, obesidade e hábito de fumar.

Agora, quando você for atender um paciente hipertenso, além dos clássicos exames laboratoriais você saberá por que pedir um ECG!

O ECG é uma ferramenta para diagnosticar sobrecarga ventricular esquerda e você poderá utilizá-lo para prognóstico e ajuste de metas terapêuticas.

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Referências:

W.B. Kannel. Left ventricular hypertrophy as a risk factor in arterial hypertension. Eur Heart J. 1992 Sep;13 Suppl D: 82-8.

K. Porthan, T. Kentta, T. J. Niiranen. ECG left ventricular hypertrophy as a risk predictor of sudden cardiac death. International Journal of Cardiology 276 (2019) 125-129.

L. Bacharova, H. Chen, E. Harvey Estes. Determinants of Discrepancies in Detection and Comparison of the Prognostic Significance of Left Ventricular Hypertrophy by Electrocardiogram and Cardiac Magnetic Resonance Imaging. Am J Cardiol. 2015 Feb 15;115(4):515-22.

Os conteúdos do Portal do ECG são elaborados pela Dra. Virginia Braga Cerutti Pinto Cardiologista – RQE: 41.828 / Clínica Médica – RQE: 41.829 / CRM- SP: 117.977

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